Hoje a boca não está para o riso.
Hoje o sol não consegue tocar a terra,
As nuvens estão bloqueando toda luz.
Mas hoje a boca não está para o riso.
Eu queria ver os seus dentes
Encandeando os meus olhos,
Mas sua boca não abre,
Não quer transmitir a alegria de uma criança.
Hoje o rio está seco.
As águas pararam de correr
Porque a fonte esgotou.
A floresta morrerá rapidamente
E não haverá mais o cantar dos pássaros.
Mas é que hoje,
Exatamente hoje,
A voz não quer falar, nem cantar, gritar.
O único quem grita é o silêncio.
Ele é quem mais grita.
A minha forma desajeitada de pedir,
De rezar, de querer alguma resposta
Não poderá sair de mim.
Porque a boca não está para o riso,
E o riso é a perfeição,
É o riso da felicidade,
Da alma,
Do corpo.
É o risso do querer saber o mistério,
É a voz do riso.
O riso é a vida.
Mas o que me resta agora,
Depois do bombardeamento,
Resta a esperança de que um dia
Tudo poderá ser como um dia pensei que fosse.
Fosse risada.
Mas hoje a boca não está para o riso.
- Vitor Rabelo de Sá
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