quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Naquela.

Naqueles olhos negros
Que me mergulhavam,
Naquele sorriso meio amarelado
Que me sorria.

Naquele gesto de ternura,
Meio feroz, meio perfeito.

Naquela voz suave,
Com gosto do açúcar
E o tom da firmeza.

Naquele corpo quente
Pedindo por calor.

Naquele ser que deve existir,
Deve te fazer existir,
Deve o amor existir,
Deve o sentimento existir,
Deve o existir a existir.

Naquele ser.
Que de tudo,
Não há nada.

Apenas o olhar sorridente.



- Vitor Rabelo de Sá

Que a vida passa

Que a vida passa
A cada passo
Pelo passado.

Passa.

Que o sim
Há de ser dito
Exclusivo para o não.

Sim.

Que se possa
Lá no poço
Achar a poça de vida.

Possa.

E que se deva,
Principalmente,
Inevitavelmente,
Exclusivamente.

Olhar para frente
Naquele futuro incerto
E pegar os seus sonhos.

Feito tubos.

E ingeri-los,
Mastiga-los

Para viver.



- Vitor Rabelo de Sá

Desenho

O desenho que fiz do teu rosto,
Amassado, guardado, esquecido.
O desenho desenhado,
Pendurado no passado,
O perfeito retrato.

O desenho que fiz daquela tarde.
Um dia claro, ensolarado
Ainda aquece a mão que o segura.
Ainda transborda de luz
Nesse escuro quarto.

O desenho que fiz.

O desenho que fiz está guardado,
Embora perdido,
Em algum lugar está na memória.

Porque o desenho não é a cópia,
É a minha definição da tua perfeição.
Naquele desenho que fiz.


- Vitor Rabelo de Sá

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Aquela forma de ser

Aquela forma de ser
Num tom queimado,
Num som avermelhado,
Num olhar quase sincero.

Aquela forma de ser
Andes desconhecida,
Esquecida,
Multi-lados.

Antes de tudo,
Antes de se ver,
De se sentir, ouvir.

Aquela forma de ser.

Um caminho único,
Com várias passagens,
Várias portas.

Emboras tantas possibilidades,
Tantas oportunidades,
Apenas um caminho existe.

Aquele que escolheras.


- Vitor Rabelo de Sá

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O mar


Olhe para o mar.
Diga o que se pode ver
Quais os desejos a ter
Quais os sonhos a querer
Olhe para o mar
Ha o que se possa sonhar
Ondas a pular
Amores a encontrar
Lá no mar
Ele que mora ali
Na esquina do pensar
Na fronteira do ter
Na ilusão de sonhar.
E como estão os seus sonhos?
E como está a sua vontade?
E como está você?
Olhe ali no mar
Os sabores para provar
Delicias escondidas
Sabores já quase esquecidos
E eu que já morei lá
Apenas uma vez.
Uma vontade de retornar
Para sonhar.
Pois desde que de lá saí
Os sonhos me fugiram,
As vontades esvaíram,
Mas os desejos continuam.
Bem ali
Dentro do teu mar.


- Vitor Rabelo de Sá