sábado, 28 de maio de 2011

A montanha mágica.

Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

Ficou logo o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora

Para que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é por incidência a minha indiferença
Sou uma cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mais estou pronto prá mais uma
O que é que desvirtua e ensina?
O que fizemos de nossas próprias vidas

O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes
Agora só artesanato:
O resto são escombros

Mas, é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio 38

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia

Chega, vou mudar a minha vida
Deixa o copo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol
Num copo d'água


- Legião Urbana




sexta-feira, 13 de maio de 2011

Reino.

Construa-se em meu reino
O melhor dos castelos
Com as mais altas muralhas de vida,
Fortes e sensíveis.

Erga na praça central
O maior monumento em formato de coração,
Pulsando todo o sangue derramado
Novamente para os sofridos corpos cansados.

Escolas de guerra, de vida
Ensine o amor aos povos,
Para que descansem sem medo
Quando a morte chegar em suas almas.

Obtenha-se a coragem através do medo,
A felicidade da tristeza,
A saúde da doença
E, principalmente, a vida de toda a morte!

De todos os caminhos, há sempre o mesmo fim,
De todo sofrimento, sempre uma alegra.
Quando o descanso chegar ao meu corpo,
No fim da vida, quero apenas ser amado.

-Vitor Rabelo de Sá

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O cigarro.

Na Banca do Seu Antônio:

-Seu Antônio! Quanto é o maço?

-De qual marca, meu filho?

-Da melhor, Seu Antônio.

-Meu filho, é vinte.

-Tudo isso, Seu Antônio? Tá caro de mais!

-Meu filho, caso compre o mais barato, mais cedo à Terra Santa irá!
Vida por ser vida barata, por baixo preço se estragará.
Não se espante com o preço,
Escolha dos dois, um:
O preço ou a vida!

E Seu Antônio passa a vida inteira a vender cigarros
Na calçada, esquina ou estrada
Sabendo apenas que dormirá novamente
Em seu quarto abafado pela fumaça e sem vida cara.


- Vitor Rabelo de Sá