segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vigésima Lua

O sol insiste, diariamente
Em banhar calorosamente
Todas as minhas vinte almas.

Almas, essas, que são noturnas,
Que se abrigam no escuro céu
Do pensamento atordoado
A me perseguir sempre.

O meu abrigo é a Lua,
É o corpo calmo, sereno
Em meio ao turbilhão
Da escuridão do infinito.

E, da Lua, vejo toda a vida
Existente em teu planeta,
Vejo a alegria da tua musicalidade,
Vejo todo o amor e paixão,
Todo desejo e doença,
Todo sonho e esperança.

O medo é um presente constante,
É o cair, o vagar, o desvendar.
O medo é o que me mantém
Aqui, isolado em minha
Vigésima Lua.

É o medo de cair nesse universo,
De cair em teu planeta,
É o medo de me jogar
Na paixão diária, na paixão presente.

Apenas tenho meu violão,
Apenas tenho minha ilusão,
Meus pensamentos, sentimentos.

Mas não tenho a mim.

Porque só existirei
No momento em que houver
A partilha da tua explosiva vida
Com o sereno e distante amor
Que guardo nessas vinte luas.


- Vitor Rabelo de Sá
(30/09/2013)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Atirador

O destino que escolhi
Foi viver a pensar
A todo instante
Num olhar.

Num olhar constante
A observar
Todos os sentidos
Que se tornaram ausentes.

E passo rápido
Por essa vida.
Cada dia
Torna-se ano
Torna-se eterno.

Sou o contrário
De um atirador.
Vivo a tirar a dor
De quem sofre.

Pois, o sorriso
Materializado
Em teu ser,
Não há quem possa matar.


- Vitor Rabelo de Sá
(23/09/2013)



Devagar

E a minha vontade
De vagar bem
Devagar
Em teu rio
De amor
É perfeitamente
Presente
Todos os dias.


- Vitor Rabelo de Sá
(21/09/2013)



Flocos

Que teu calor
Seja a
Cobertura
Da nossa
Mistura
Num sorvete
De flocos
Com o sabor
De menta do
Teu amor.


- Vitor Rabelo de Sá
 (16/09/2013)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Gelo

E por toda minha vida
Tentei fazer mistério
Os mais simples atos
De amor.

E por toda minha vida
Tentei fazer segredo
Os mais simples fatos
De paixão.

Porque todo novo conhecer
Me fez o passado renascer.
E todo o passado
Me fez ausente.

Agora estou fora
Da sua casa.

Transformarei todo o meu amor
Em uma pedra de gelo
Para jogá-lo em sua janela,
E, em suas mãos, derretê-lo.

Para que se sacie
A tua sede
Com todo o meu amor
Aquecido em teu corpo.



- Vitor Rabelo de Sá
(16/09/2013)

domingo, 8 de setembro de 2013

Tecido

E se tudo, um dia,
For prazer,
For alegria de ter
Todo amor teu.

E se tudo for
A vontade já estampada
Em minha face,
Que transfere a ti
Todo aquele sentimento.

E se tudo for
A conexão entre dois corpos,
For a troca,
For a experiência,
For a realização.

A minha busca inacabada,
A minha arte contaminada,
O meu corpo sedento
Do teu prazer
Para satisfazer a mim.

E se tudo for amor,
E se tudo fosse amor.

E se o tecido
Da tua pele
Pudesse ter sido
O meu cobertor.

Estaria completo,
Mesmo que numa fria noite.


- Virna Manuella Sampaio Sousa e Vitor Rabelo de Sá

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Vento

E com os ventos,
Eu ando livremente.
E com os ventos,
Eu voo sempre.

E não há barreiras
Que me impeçam
De chegar onde desejo.

E não há montanhas
Que me proíbam
De elevar-me.

E o meu destino
É seguir o vento.
E o meu destino
É fluir.

E como os ventos,
Sou vento,
Sou só.

E a companheira
É sempre a solidão.


- Vitor Rabelo de Sá
( 04/09/2013)