sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cala-te!

Cala-te!
A insanidade que te segue
A cada Sol raidado,
Pertubando-te com a luz
Que agita toda partícula
Em núvens vivas
Faz a confusão em força,
O adultério em verdades
Antes nunca ditas,
Para formar a consciência humana
Em apenas frases mal declaradas.


- Vitor Rabelo de Sá

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quantos filhos esperaram a chegada de seus pais
Tantos deles não vieram Não chegaram nunca
A calçada não é casa, não é lar Não é nada
Nada mais do que um caminho que se passa
Tão estranho pra quem fica... pra quem fica
As palavras no asfalto, nessa vida são tão duras
O carinho não consola mas apenas alivia
A calçada não é cama Não é berço Não é nada
Nada mais nos faz humanos sem afeto
E o medo é um abraço tão distante de quem fica


Onde vai? Nós estamos de passagem
Onde vai? Onde a rua nos abriga
Onde vai? Estamos sempre de partida
Onde vai? Onde a rua nos abriga desse frio

As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícia
Elas não esperam de um papel de duas cores mais que um pouco decalor
A calçada não é pai Não é mãe Não é nada
Nada mais do que um abrigo, um refúgio
Tão estranho pra quem passa... Pra quem passa





- Nenhum de nós



domingo, 17 de outubro de 2010

Burguesia

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

A burguesia não tem charme nem é discreta
Com suas perucas de cabelos de boneca
A burguesia quer ser sócia do Country
A burguesia quer ir a New York fazer compras

Pobre de mim que vim do seio da burguesia
Sou rico mas não sou mesquinho
Eu também cheiro mal
Eu também cheiro mal

A burguesia tá acabando com a Barra
Afunda barcos cheios de crianças
E dormem tranqüilos
E dormem tranqüilos

Os guardanapos estão sempre limpos
As empregadas, uniformizadas
São caboclos querendo ser ingleses
São caboclos querendo ser ingleses

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

A burguesia não repara na dor
Da vendedora de chicletes
A burguesia só olha pra si
A burguesia só olha pra si
A burguesia é a direita, é a guerra

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

As pessoas vão ver que estão sendo roubadas
Vai haver uma revolução
Ao contrário da de 64
O Brasil é medroso
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Vamos pra rua
Pra rua, pra rua

Vamos acabar com a burguesia
Vamos dinamitar a burguesia
Vamos pôr a burguesia na cadeia
Numa fazenda de trabalhos forçados
Eu sou burguês, mas eu sou artista
Estou do lado do povo, do povo

A burguesia fede - fede, fede, fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia

Porcos num chiqueiro
São mais dignos que um burguês
Mas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente
Mas este quer construir um país
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares
O bom burguês é como o operário
É o médico que cobra menos pra quem não tem
E se interessa por seu povo
Em seres humanos vivendo como bichos
Tentando te enforcar na janela do carro
No sinal, no sinal
No sinal, no sinal

A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia



- Cazuza


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O soneto do mendigo

A cada sinal aberto, passa em meu pensamento
Toda a história da miséria que vivo diariamente,
Como os carros que passam velozmente,
Como as pessoas rodando feito catavento.

Costumo pedir dinheiro, abrigo, comida.
Mas as almas me passam todo dia
Negando-me tudo, e eu sempre com alegria.
Mas nunca mendigo minha vida.

Que país rico em beleza abundante,
Sempre procuro seu mais belo tesouro,
Mas nada mais acho que simples vontade.

Nada mais sou que um amante
Buscando uma vida como um pequeno ouro.
Tranquila, maravilhosamente realidade.


- Vitor Rabelo de Sá

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O poema

Um branco papel, branco
Linhas coloridas ou vazias
A emoção, apenas a verdade
Escritas, desenhadas, iventadas...
O preenchimento do amor.

O sentimento forte,
Forte sentimento,
Transbordado em rios,
O amor, o ódio, alegria,
Ótimo momento!
Saudade, desespero, compaixão...
A vontade da realização.

Verdade, o pensamento não mente
Nem o poema,
Por mais simples, escrito, cantado,
É o poema!
A salvação do mundo,
O poema!
Dos depressivos, dos alegres,
Dos amantes, um simples poema.

Humanidade sem poema?
Pior que dia sem noite.
Que amor sem segredos.
Um casal em desespero!
Poema é a vida de quem ama,
De quem pensa, por que tudo,
Tudo é poema!



- Vitor Rabelo de Sá

sábado, 2 de outubro de 2010

Avô

Uma natureza supremamente bela
Com sua simplicidade de um matuto
Aonde refletem em seus olhos
Toda a coragem e o medo já vencido
De uma vida dura, mas alegre

Uma bondade de tamanha intensidade
Que até mesmo o mais impiedoso
Lhe dá uma ajuda
Como a palavra vale quase tudo,
O gesto, mais ainda

Mas a visão de poder ver no futuro
Toda sua obra que um dia fora semeada
E com muita alegria em seu rosto
Ganhou um novo nome:
“Vô”!




-Vitor Rabelo de Sá