terça-feira, 30 de abril de 2013

Robô

O robô
É mecânico
Mas o sorriso
É carnal.

É carnal porque
Há um carnaval
Atrás de um gesto
Tão mecânico.

Porque sorrir é
Obrigatório.
Porque sorrir para
Quem se olha
É mais confortável
Que a silenciosa
Verdade de um olhar.

Mas o robô é uma máquina,
E eu sou seu sorrir,
Sou a ação maquinal
Do desejo escondido
Que o sorriso quer.

E que meu sorriso
Penetre em seus olhos
Prateados.

E que meu desejo
Seja nossa vontade
Do agora.

E que a nossa alegria seja,
Acima de tudo,
O pulsar de um coração
Dentro dessa caixa de metal

Chamada vida.



- Vitor Rabelo de Sá

Tudo

E não se pode ter tudo.
Mesmo que meu tudo
Seja apenas o detalhe
De poder dizer-te ao coração,
A felicidade de poder,
Em seu abrigo, viver.

E não se pode ter tudo,
Mesmo que pudesse,
Não me seria possível.
Porque aquela muralha
Mês esbarra de chegar
Ao teu mar.

Já que nada posso,
Tentarei, ao menos,
Esboçar o mais puro
Sorriso de um sonho.

Pois o sonhos é
A realidade em
Que um poeta vive
Todos os dias de seu
Pensamento.




- Vitor Rabelo de Sá

Caminho

O que se busca encontrar
No fim dessa estrada?

O calor do Sol.

A fonte de vida,
De paz,
Sensações.

A fonte da satisfação
Diária,
Da alegria do riso,
O riso da lágrima.

E essa estrada me leva,
Me guia,
Me sustenta.

E essa estrada sou eu.

Sou eu menos só.

Porque a fonte
Da minha alegria

É o calor
Do teu Sol.



- Vitor Rabelo de Sá

E não será hoje

E não será hoje
Que te escreverei
Um poema.

Não irei mais falar,
Chorar, sorrir,
Gritar, amar
Em um poema.

Não precisará mais
De folhas e tintas
E mãos e cabeça
E coração
Em um poema.

Todo sentimento alojado,
Petrificado, sedimentado,
Não haverá mais.

Em um poema.

Porque,
A partir de agora,
Passarei a sê-lo.

Serei, eu, o teu poema.



- Vitor Rabelo de Sá

Para você

Em determinado momento,
O conhecer parece inevitável.
A profundidade e o impacto
Do tom, do timbre,
A voz.

De formas e sabores,
A interação pelo intelecto,
Por semelhanças
Do que se gosta.

Dois pontos
Ligados pelo invisível
Tão resistente.

E que nada possa
Quebrar essa linha,
E que nada possa
Derrubar essa muralha.

Porque a sustentação
É o ideal do que se chamam
De amor.



- Vitor Rabelo de Sá

domingo, 21 de abril de 2013

Olhos

O sal que escorre
Dos meus olhos
Tentam desesperadamente
Alimentar a minha alma.

Toda a tensão do sentimento.
O olhar capturando o momento,
A sensibilidade inquestionável
Das imagens que se metamorfoseiam.

E, quando eu finalmente
Poder te carregar ao peito,
Dentro de uma sala,
Uma sala que não há tempo.

Pois o tempo esquece
De quem espera,
O tempo passa como um tufão,
Como uma onda gigante.

Pois venha, então,
Já que não há mais tempo,
Já que não há mais espera,
Já que não há mais futuro.

Porque eu sou agora.
Eu sou o último marinheiro
Nesse navio perdido.
Porque eu sou você.



- Vitor Rabelo de Sá

sábado, 13 de abril de 2013

Instante

E se a vida for
Uma fotografia,
Qual momento
Seria a sua?

Quem estará com você
Naquele instante
Para o resto da eternidade?

O que você estaria
Fazendo
Naquele momento?

Porque a vida
É um instante,
É um piscar de olhos.

Porque a vida
É uma fotografia.

Então escolha,
Escolha seu momento.

Porque de tudo
Somos instantes.


- Vitor Rabelo de Sá

Poema de ônibus

Enquanto tudo está parado,
A linha contínua
É infinita.

A espera é infinita,
A tensão é infinita,
A angústia é infinita.

Essa prisão móvel
Com horários marcados,
Com locais exatos,
Com preço determinado.

A espera.

O imprevisto para o fluxo,
Multidões de vida
Sem vida.
Parece uma fotografia,
Tudo estático.

Está tudo parado no trânsito.
E o poema é, pelo tedio,
Fabricado dentro do ônibus.


- Vitor Rabelo de Sá

terça-feira, 2 de abril de 2013

Café

O gosto amargo que ficou na boca,
Deixado pelo café.
Tão cotidiano
Que, a queimada língua,
Tão acostumada,
Já não arde mais.

As madrugadas a fio,
Com os sonhos nos olhos,
As letras na cabeça,
A caneta na mão
E o sabor no corpo.

Os sonhos e desejos
Transpassados para o papel,
As alucinações vividas,
Sonhadas, almejadas...

A única sustentação do corpo,
O fogo que alimenta o espírito,
A alma embriagada pelo café.

Porque, de algo, é combustível
Para o ciclo da vida.
Porque é preciso sempre
A alucinação, a embriaguez
Para a vida.

E a vida precisa de seu café.



- Vitor Rabelo de Sá