sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sons

Aquela gota d'água
Derrubou o mundo!

Aquela briza mal soprada
Abaixo deixou a grande muralha.

Aquele simples reflexo de luz
De fogo tudo deixou.

Pequenos detalhes de um mundo
Refletem em tudo aquilo que vejo.

Mas não me olhe assim,
Como um desajeitado, um mal amado.

Mas não me sinta assim,
Como aquela lata que transborda tristeza.

A perfeição já alcançou os céus,
Já alcançou os mares, as terras.

Mas não alcançou a mim.
Aquele que erra e destrói.

E que essa montanha não desabe
Por sons soltos sem vontade de viver.


- Vitor Rabelo de Sá

Caminhos

Tantos anos para levantar esses tijolos,
Para ladrilhar toda essa calçada,
Para bater toda a terra dessa rua.

Foram caminhos longos e distintos,
Com flores e com espinhos
Rodeando todos os meus passos,
Todas as vezes que meu peito infla
Buscando o ar que me sustenta
E que me mata vagarozamente.

Um é o número exato de chances
Que hei de ter em todos os atos.
Um é o número exato de vezes
Que aquela água passa pelo rio.

Mas não há de ter tristeza
No que chamamos do fim dos tempos.
Há sempre de ter alegria
Em toda unidade de tempo.

Hei de ser eu mesmo,
Hei de respirar meu próprio ar,
Hei de dizer apenas uma vez,
Hei de caminhar apenas um caminho,
Hei, sobretudo, de fazer a alma alegre.

Porque sozinho não há alegria.


- Vitor Rabelo de Sá