terça-feira, 30 de julho de 2013

Baixa pressão

E a ressaca dessa vida
Tão diária,
Remete ao delírio
Que me é privado
De se fazer real.

Que me é privado
De se fazer o amor
À pessoa desejada,
Que me é prisão.

O sentido me é
Foco, é desejo, sexo.
O sentido me é alegria, boemia,
É dança, fotografia.

E o sentido é você.


- Vitor Rabelo de Sá
 (28/07/2013)

Cinco

Imagina se
Em cinco minutos
Tudo parasse,
Tudo congelasse
E restassem
Apenas cinco minutos.

Imagina se
Às cinco horas,
Fosse a manhã surgindo,
Fosse o sol reluzindo,
Fosse a música a acalmar.

E se,
Em cinco momentos,
Pudesse a terra parar,
Pudesse a distância acabar,
Pudesse tudo, tudo navegar.

Navegar em um mar
Em que haja palavras,
Em que haja o contato.
Em que se possa,
Com cinco palavras

Transcender a tua alegria.


- Vitor Rabelo de Sá
(29/07/2013)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Estou

Estou a caminho
Do teu olhar
Tão brilhante
A iluminar
Toda cidade
Num instante.

Estou a caminho
Do teu sorriso
Tão aconchegante
A me tranquilizar
Todo instante
Em seu calor.

Estou a caminho
Do teu abraço
Tão perfeito
A me acolher
No eterno momento.

Estou a caminho
Da minha paz
Tão sonhada
A me realizar
Sempre.

Estou a caminho
De mim,
De você,
De nós.


- Vitor Rabelo de Sá
 (29/07/2013)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O dia da noite

A noite que vai cobrindo o dia
Sempre passa com a afirmação
De que nada, nem o impossível
É capaz de impedi-la.

Impedi-la de fazer sua sina
Que é atropelar o dia,
Que é aquietar as almas,
Que é agitar o pensamento.

E a noite é companheira,
A noite é guerreira.
Poucos a acompanham,
Poucos a amam.

Mas eu sou da noite,
Faço meu pensar
A todo instante
Pois é escuro.

Faço meu pensar
Sempre que o cansaço
Me apunhala pela frente.
Neste momento,
Neste repente.

E eu sou da noite
Que encobre os lençóis
Emaranhados de um casal,
De uma história,
Um amor.

E eu sou tudo,
Sou a metade,
Sou a parcela,
Sou nada.

E eu sou
Só.


- Vitor Rabelo de Sá
 (26/07/2013)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

E o tempo passa

E o tempo passa
Com toda a certeza
De olhar para trás
E perceber, reconhecer.

Reconhecer que tudo
Era só ilusão,
Que tudo era só
Solidão.

E os sonhos se vão,
Atravessam pela
Janela da minha
Alma solitária.

A esperança fica
Escondida, pequenina,
Fica adormecida,
Fica.

Pois todo poema
É a consequência
Da alegria que,
Um dia, fora roubada.


- Vitor Rabelo de Sá
(25/07/2013)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tua presença sem lua

Não há lua nesta noite
E o frio na alma despida
Usa a saudade de açoite
Que marca demais a vida.

E que de vida,
Tenho metade de lua
Que há tempos
Anda ausente de minha noite.

O desoriente deste norte
Um calafrio na descida
O vento que uiva mais forte
E a falta da tua guarida

Mas o poeta que sonha
Desenha a tua presença
Em cada dobra da fronha
E pede à saudade licença

E se tudo fosse sonho
Não poderia, eu, recordar
De tua beleza, num tom
Distante de um olhar.

E, na lua, sinto a presença
Do teu pensar, teu amar.
E, na lua, sinto a ti,
Ali, quietinha, a me olhar.


- Marisa Schmidt, Vitor Rabelo de Sá e Wasil Sacharuk

domingo, 21 de julho de 2013

Dúvidas

Será que você ainda lembra
Do tempo em que se fez presente,
Do tempo que é verdade,
Do tempo que é saudade.

Será que você ainda sonha
Com o momento em que há
Todo aquele contato
Dos corpos flamejantes.

Será que você ainda conversa
Com o mistério embriagado
Pelo amor tão negado,
Que, de conhecimento, fez-se novo amor.

Será que você ainda pensa
Na mera possibilidade
De, um dia, embriagar-se
Por aquele mesmo mistério.

Aquele mesmo corpo,
Aquele mesmo sonho,
Aquele mesmo ar,
Aquele mesmo som,
Aquele mesmo pensamento.

Será que você
Ainda quer se aventurar
Pelo meu corpo?


- Vitor Rabelo de Sá
(21/07/2013)

E toda essa noite.

E toda essa noite
Que me observa
Tranquilamente,
Calmamente...

E toda essa noite
Que me observa
Com seu olhar
De estrelas.

E toda essa noite...

Veio-me a lembrança
De tantas outras noites,
Noites felizes,
Noites passadas.

Veio-me o desejo
Das noites futuras,
Embora que distantes.

E que se realize
A minha vontade.

E que se realize
A tua vontade.

Nosso desejo
De dançar,
À noite,
Cobertos pelas estrelas.


- Vitor Rabelo de Sá
(21/07/2013)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Norte

Talvez, por sorte,
Ou por poesia,
Faço meu repente
Nesse pensamento.

E, por sorte,
Eu, que sou
Do norte,
De terra seca,
Povo forte.

Não há possibilidade
D'eu deixar minha terra,
Esse mar anil,
Por alguma serra.

Só hei de vagar
Pelo Brasil,
Espalhando todo
Esse meu cantar

Que vem de cima,
Lá do Norte,
E vai caindo,
Vai descendo
Para o Sul.

Sul de gente aperriada,
Gente espremida,
Gente apertada.

Trago, neste falar,
As falas de um falador
Que fala de tudo
Mesmo que tudo
Seja nada.

E não há nada
Que me faça
Parar de falar
As falas do
Coração.


- Vitor Rabelo de Sá
(19/07/2013)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Lutador Solitário

Certo dia, eu, Sol, dono da luz,
Estava a caminhar pelos lados da terra,
Iluminando o que havia de ser iluminado,
Clareando os vales e descobrindo
Novos tipos de vida, de amores.

Estava, eu, a desvendar os rostos,
As faces dos seres que necessitavam
Da luz, do calor, do prazer...

E o céu me acompanha,
Ele me persegue todos os dias,
Por toda a eternidade.
Saudade.

O céu possibilita que eu
Penetre nas profundezas da terra.
Mas apenas eu posso iluminar.

Ah!
Lutador Solitário,
Tentando ganhar da vida,
Tentando ganhar da noite,
Querendo achar a ternura
Do poder olhar.
Do poder perceber que,
Além do que os olhos veem...

Eu consigo ver o que há
Além do horizonte, além do mar.
Mas ninguém é capaz,
Nem mesmo a lua.

Ah!
Lutador Solitário,
Apenas querendo um agrado,
Um afago,
Uma felicidade...

Mas a Lua não me vê.
Eu a ilumino,
Espero que não seja em vão.

Pois, um dia,
Quero me unir a ela,
Para que não haja mais escuridão
Nos mais profundos lares
Da terra.

Sou o Lutador Solitário.

(14/11/2012)

- Vitor Rabelo de Sá

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Breve momento

Pelo breve momento
Vejo em seus olhos
O descontentamento
Que sigo em cada passo meu.

Pelo breve momento
Torno-me luz
Para iluminar-te
O caminho do abraço.

Pelo breve momento.

Pelo breve momento
Sinto em cada emoção
Teu silêncio apunhalar-me,
Lá dentro, no coração.

E pelo eterno momento
Eu quero me aquecer
Em tua gargalhada
Vermelha, ardente.

Eu quero te unir
Ao meu ser.

Porque o momento,
Ah, o momento,
É apenas o pensar do tempo.


- Vitor Rabelo de Sá

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sonhador

Além do céu e das estrelas,
Fico a pensar,
Se existe alguém
Em algum lugar

Que possa, junto à mim,
Sonhar o passado
Que é tão presente
Nas noites.

Além dos mares e dos montes,
Fico a imaginar,
Se há possibilidade
De vida, de favores,
De promessas

Que me deixe viver
A realidade alucinada
Dentro do meu cotidiano,
Dentro do meu pensamento,
Dentro da minha vontade.

E, além de tudo,
Apenas sonho,
Apenas devaneio,
Apenas existo.

Pois todo sonhador
Sonha com a dor
Que restou de um
Antigo amor.


- Vitor Rabelo de Sá