sábado, 18 de dezembro de 2010

Seja

Seja manhã,
Seja noite,
A vida inteira é cega de sentir,
Assim,
Pensando como é o amor.
Como voa o pássaro mais pesado.
Como sinto isso,
Meu querer?

Seja janeiro,
Seja setembro,
Seja como for.
O corpo amadurece,
A alma, sem rancor
Nega recalamar do ponteiro apressado.
E eu aqui, desejando você,
Minha alegria.

Seja feliz,
Seja triste,
Não há tempo que mude, paixão.
Meu espírito espera o amor,
Aqui, mendigando por você.



-Vitor Rabelo de Sá

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A raíz.

Eu sou a raíz.
Quadrada, cúbica, simplesmente raíz.
Um enígma da vida.

Eu sou, eu sou a raíz
Da maior árvore.
Absorvo todo o ar poluído
E produzo alegria.

Eu sou a raíz,
Por mais exata que seja,
Ah! Meu coração,
Já não bate como antes.

Ah! Meu coração,
Diga-me com quantas chuvas
Se faz aquela árvore,
Que apenas sou a raíz,
A única raíz.

Estou enterrada,
Cravada,
Parasitada no solo mais fértil.
Mas não cresço,
Embora no paraíso, nada sou.
Diga-me, coração,
Com quantas lágrimas suas
Preciso para crescer em você,
Coração?



- Vitor Rabelo de Sá

sábado, 4 de dezembro de 2010

Para Raul.

Depois que você se foi
A música não mais tocou
Aquele sentimento claro
Tão místico e simples que você passou pra mim, pra nós

Que somos fãs
Companheiros de luta
Do seu aniversário
Do sonho profundo que você plantou
E botou pra pensar
Cada cabeça maluca

E já que não vais nunca mais retornar
Da sua viagem ao cosmos do céu
Vais descobrir um novo amanhã
E em cada pedaço de recordação
Lembre do povo, da alma, irmão
Nao se esqueça de mim

Que sou seu fã

Que somos fãs
Companheiros de luta
Do seu aniversário
Do sonho profundo que você plantou
E botou pra pensar
Cada cabeça maluca

E já que não vais nunca mais retornar
Da sua viagem ao cosmos do céu
Vais descobrir um novo amanhã
E em cada pedaço de recordação
Lembre do povo, da alma, irmão
Nao se esqueça de mim

Que sou seu fã


-Zé Ramalho



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.







- Oswaldo montenegro